segunda-feira, 5 de julho de 2010

O Dia Em Que Conheci Você By Joel Haynes


























Escrito por Joel Haynes.

Sempre achei que eu fosse ficar sozinho, eu nunca quis me preocupar com a companhia de outras pessoas, sempre estive seguro dentro de mim mesmo, a calma e a solidão de meus dias me preenchia de uma maneira que eu nunca imaginei que outra coisa pudesse fazê-lo, jamais pensei que aquele sonho seria o prelúdio de uma história tão fantasiosa. Mas graças a isso eu pude conhecer você...

Naquela noite o calor era intenso por milagre eu consegui pegar no sono, um sono pesado que não deveria ter me dado oportunidade de sonhar, porém, o sono me levou e por algum motivo fui parar em uma floresta que eu nunca havia visto, densa com arvores altas e frondosas que cobriam todo o céu deixando apenas filetes de luz da lua passar e iluminar seus troncos e o solo da floresta, por mais que tentasse achar a saída eu não tinha nenhum sucesso e de alguma forma algo em meu interior dizia que devia permanecer ali, um ímpeto muito maior do que minha própria vontade. Sentia bem La no fundo de minha alma que algo estaria pra acontecer e de certa forma o medo me fazia tremer um pouco, mas ainda sim permaneci ali.

A noite já havia passado, já era madrugada e eu ainda estava ali sozinho no meio da floresta, o vento uivava sobre a copa das arvores era um vento tão sereno e fresco, que por um breve momento deixei-me divagar no vento e por um instante pareceu que tudo estava bem e que a qualquer momento eu voltaria para casa e que estaria em minha cama dormindo... Mas a sensação do grande acontecimento ainda estava em meu peito e parecia que estava cada vez mais perto.

Ainda ali sentado na grama do solo da floresta algo roubou minha mente e me levou para além daquela clareira onde me encontrava. Rapidamente como se estivesse em um veiculo muito rápido minha mente correu por entre as arvores rápida e cada vez mais rápida, uma voz, alguém estava me chamando, gritava por socorro, pedia ajuda, mas quem? E por quê? Minha mente começou a desacelerar parando pouco a pouco, chegando a outro ponto da tal floresta, neste ponto tudo parecia mais escuro e tenebroso, o que estava acontecendo afinal?

Por alguns instantes eu rodei em volta de mim mesmo pra obter alguma informação do local, mas, foi inútil, estava muito escuro. Súbito ouvi um ruído bem baixinho, como o da respiração de um grande animal, sem saber exatamente onde estava pisando tentei me afastar do tal barulho meu coração quase saindo pela boca, em algum ponto naquele espaço pude perceber que a tal criatura estava realmente perto e estava se levantando, teria ela percebido minha presença ali? E agora?

E talvez pra melhorar minha situação a clareira começou a ficar mais clara a Lua estava aparecendo por sobre as copas das arvores iluminando toda a clareira... Assim, olhei em toda a volta tentando localizar a criatura para poder fugir o mais rápido possível, não demorei muito para achá-la, no outro extremo da clareira La estava ela a criatura, uma enorme fera negra, parecia um tigre negro com uma enorme boca, estava ainda um pouco escuro, mas era possível ver muito mais do que o perigo da fera, a luz da lua a iluminava e fazia com que brilhasse suas pressas fazendo com que meu corpo tremesse um pouco pra me ajudar, mas, algo mais brilhou, era um brilho vermelho intenso, como o sangue, a criatura estaria ferida? Tanto melhor, ela não poderia me perseguir se eu correr, súbito a criatura caiu no chão por sobre as patas, soltou um urro tão desolador, e baixinho a criatura começou a chorar.

Suas lágrimas brotaram em prata dos seus olhos, e na meia luz da clareira elas brilhavam como tal, a criatura chorava baixinho cortando meu coração, eu observando aquela cena desejei ajudá-la, mas e se ela me atacasse? Poderia me matar... Mas a pena da criatura era maior do que meu medo, com isto fui me aproximando pouco a pouco dela, a criatura era muito maior do que eu havia pensado suas patas poderiam facilmente me estraçalhar com um leve tapa, o medo veio de novo com força, mas não me afastei, senti que ela realmente precisava de mim, toquei delicadamente sua pata, ela virou seu rosto pra mim pude ver a luz da lua refletida em seus olhos e nas lágrimas que ainda brotavam prateadas, seu olhar era realmente de socorro.

Não sei exatamente por quanto tempo fiquei olhando pra ela, na verdade acho que foi por alguns instantes eu e a criatura ficamos nos fitando acho que nos reconhecendo, e o sentimento de querer socorrê-la fincou-se ainda mais forte em meu coração, precisava fazer aquilo ali e agora senão acreditei que ela poderia morrer. Talvez de alguma forma a criatura tenha sentido isso, E em seguida a isso novamente la dentro de minha mente aquela voz falou dolorosamente “Por favor me ajude...” Após isso minha mente começou a ficar muito clara, a fera estava sumindo na claridade de minha mente, eu estava voltando para meu quarto pensei, ainda sim tentei com todas as forças segurar a criatura mas eu estava indo embora para algum lugar, em um ultimo instante a fera me olhou suplicante por ajuda, e a voz novamente pediu “Por favor...esperarei seu socorro...me ajude por favor”.

Minha mente cada vez mais clara me levava para algum lugar, minha consciência foi aos poucos morrendo no silêncio que a claridade proporcionava, e antes que eu pudesse pensar em algo mais eu apaguei.

No dia que se seguiu a manhã mais uma vez foi quente como o inferno... Eu conseguia me lembrar do sonho, da criatura e da floresta eu não conseguia imaginar o porquê daquilo, e acreditei que fosse apenas um sonho de uma noite quente demais. E seguindo os planos do fim de semana preparei minha mochila para o passeio no parque, para receber a tão esperada sensação de solidão, de ser único no mundo ou no universo que só o meio do parque poderia me dar, muito embora eu estivesse pensando e ir ao outro lado da cidade para entrar na floresta, pensei “Afinal o parque sempre esta cheio de pessoas também no fim de semana, talvez fosse melhor ir pra algum lugar onde não as encontra-se”.

Ainda sem pensar muito aonde iria sai de casa e fui para aquele calor maldito da rua, no caminho para o ponto de ônibus fui passando mentalmente tudo o que havia posto na mochila pra não correr o risco de ter esquecido alguma coisa e passei então a lista: Carteira, celular, primeiros socorros já que eu nunca sei o se vou me machucar nestas incursões ao interior dos parques ^^, garrafa com água, lanterna, livro e mp3.

Bom estava levando tudo do que precisava. Chegando ao ponto não precisei esperar muito o ônibus acabou se adiantando naquela manhã e devido a isto acabei indo para o parque da cidade mesmo, meio a contra gosto por que aquele calor maldito estava me deixando impaciente e esperar outro ônibus naquele Sol não era o que eu queria estando vestido de preto e coturno.

O parque estava bem fresco, soprava uma brisa muito fresca, meu calor terminou naquele instante eu agradeci as arvores por este alivio que foi um balsamo pra esse calor... Caminhei durante alguns instantes pelo parque procurando algum lugar para sentar e ficar lendo, mas acho que naquele dia talvez fosse o dia do “Vamos de mala e cuia para o parque”. Havia muitas pessoas la a algazarra era muito grande, varias crianças correndo pra la e pra cá com bolas e pais babões se achando jovens de novo...Passei metade do dia tentando obter meu sossego tão desejado mas não ia rolar... Depois de um pouco mais de um dia e meio decidi sair dali e ir a outro lugar aquilo estava muito chato pra mim.

Saindo do parque o calor estava um pouco mais agradável decidi ir a floresta do outro lado da cidade salvar um pouco do meu fim de semana. Não demorou e eu já estava a caminho de la, Neste caso o único problema era que o ônibus não chegava necessariamente na floresta e sim próximo a ela... o resto era com meus pés.

Caminhei durante uns 20 ou 30 minutos até chegar a orla da floresta, por um momento meu coração falhou uma batida, a visão da fera voltou a minha mente, fiquei com um pouco de receio de entrar na floresta, alguma coisa estava tentando me avisar que não era um boa idéia, mas eu já havia entrado na floresta algumas vezes, não havia problemas nisto por fim decidi ignorar estes pensamentos e seguir na minha idéia e adentrar na floresta.

Liguei meu mp3 e caminhei por entre os troncos das primeiras arvores mais próximas observando tudo a minha volta. O ar dentro da floresta tão ou ainda mais fresco do que no parque exceto lógico que la não havia ninguém e era isso o que eu queria desde o começo: Ninguém perto de mim. A caminhada pela floresta sem que percebesse havia se aprofundado acho que acabei andando muito mais do que das outras vezes. Neste ponto o meu mp3 já havia me cansado e eu agora queria ouvir somente os sons da floresta e sentir aquela velha sensação, aquele sentimento que sempre me acompanhou desde que percebi o quanto as outras pessoas me chateiam...

Sem perceber e me entregando todo naquele passeio na floresta acabei me perdendo em uma trilha que eu não conhecia, tentei me localizar, mas foi inútil já era tarde. Acho que por sorte ainda eram por volta de 16h00min ainda havia Sol senão eu estaria ainda mais perdido. Ainda sim não desisti de tentar achar a trilha de volta e continuei andando, Comecei então a perceber que aquele lugar não era tão estranho quanto pensei, estava com uma sensação de conhecer aquele lugar e foi então que percebi onde estava, ali era a tal clareira do sonho me assustei achei que aquele lugar não existisse era impossível, como podia?

Ainda meio atordoado andei um pouco mais dentro da clareira tentando localizar o lugar exato onde eu estive no sonho e sem muito esforço acabei achando o local, acho que por extinto me posicionei no local e me virei para o local onde deveria haver a fera com medo de encontrá-la assim como no sonho o grito só não saiu por que naquele instante o ar me faltou nos pulmões, No local onde deveria estar a fera havia algo, esse algo não era negro e grande como a fera, era mais claro da cor da pele humana?

Meu Deus havia um homem no chão da clareira, parecia bem jovem aproximei-me com um pouco de medo temi por ele, talvez ele estivesse machucado. Chegando mais perto dele percebi que o Sol incidia bem em cima dele passando por entre as arvores da clareira assim como a Lua o fez no sonho por sobre a fera, por sinal este fato por um breve momento havia sumido de minha mente, me preocupei com aquele homem ele aparentemente precisava de ajuda.

O homem estava estendido de bruços no chão de grama da clareira o Sol ardia em suas costas e mostrou-me um enorme ferimento em suas costas ele estava seriamente machucado precisava de ajuda. Seu cabelo cobria um pouco seu rosto claro tirei para poder vê-lo melhor, seu rosto era de traço perfeito, tão claro com lábios bem desenhados e firmes, parecia tão sereno e silenciosamente parecia pedir por socorro. Toquei sua testa para verificar se ele estaria com febre, sua pele ardia em febre, quanto tempo será que ele esteve ali desmaiado? Ao meu toque o homem despertou do seu sono, abriu seus olhos vagarosamente, eram olhos negros como a noite, tão profundos que pareciam sugar as pessoas para dentro deles. Com alguma dificuldade ele se levantou do chão, sempre com os olhos em mim, ele conseguiu se sentar no chão, eu não conseguia dizer nada, ele ainda me observava e esses olhos que me sugam a alma, por quê?

Seu rosto parecia muito cansado agora mas aliviado, ele tocou minha mão, seu toque era quente e macio trazia um ótima sensação, sua voz saiu como um sussurro e disse: “Eu esperei por você...não duvidei que seu coração fosse me ajudar...sabia que iria me deixar aqui e morrer...” ele ofegava parecia um esforço enorme pra ele estar falando naquele momento ainda continuou “Por favor me ajude...preciso da sua ajuda me salve...e eu realizarei qualquer coisa que desejar...Sei que seu coração é puro...É por isto que confiei em você para vir me salvar...” seu rosto se aproximou do meu ali agachado próximo a ele sua mão tocou docemente meu rosto com seu toque quente e me beijou, seu beijo tinha o calor da febre, mas era doce e envolvente mesmo que eu quisesse me livrar dele por aquela invasão que ele cometera eu não conseguia me parecia que seria um sacrilégio fazer tal coisa, sendo assim fechei meus olhos e me entreguei ao seu beijo.

Talvez ele achasse que com aquilo eu realmente o ajudaria, mas eu já iria fazê-lo assim mesmo sem beijo nem nada. Senti seus lábios se afastarem abri meus olhos e o encarei com cara de perplexidade nisto ele sorriu dolorosamente e tombou sobre mim ainda sussurrando “Por favor, me ajude...”.
Choque, pura e simplesmente a única coisa que eu consegui pensar, ele desmaiou, rapidamente peguei meu celular e liguei para a ambulância ele precisava ser socorrido depressa, sua ferida devia ter sangrado a noite toda ele pode morrer por hemorragia.

A ambulância chegou rápido na floresta, tivemos alguns problemas para retirá-lo do meio da clareira, mas deu tudo certo, de fato ele estava com a quantidade sangue baixa mais um pouco ele teria morrido mesmo, no hospital após os procedimentos surgiram outros probleminhas, os médicos não conseguiram identificar qual o tipo sangüíneo dele, eu não sabia nada sobre ele nem nome, nem idade e muito menos onde morava... Mesmo assim ele ficou no hospital por uma semana, ele havia ficado muito debilitado pela perda de sangue, estranhamente só precisaram alimentá-lo com soro e sonda nasal a questão do sangue ficou sem solução e ao que os médicos diziam, ele nem precisou de transfusão, pois na semana que se seguiu seu sangue se restaurou sozinho assustando aos médicos do hospital.

Enquanto esteve inconsciente eu o visitei todos os dias, ficava observando-o dormir, estranhamente eu queria que ele acordasse e me visse, queria saber quem era essa pessoa. Até esse momento eu não havia ligado os fatos, A cena na clareira foi quase a mesma que a do meu sonho exceto que a fera era o homem, mas é lógico que eu não iria acreditar que ele fosse a fera por favor.

E nem iria imaginar que isto seria um prelúdio de minha nova vida...

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